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RESOLUÇÃO 2025.009 - ANÁLISE DE CONJUNTURA E TÁTICA ELEITORAL

Atualizado: 24 de set.

O retorno ao poder de Donald Trump, nos EUA, demonstrou a força da extrema direita no cenário internacional, que segue articulada e organizada. Trump se elegeu na esteira da situação histórica reacionária mundial e serve de apoio para aprofundamento do projeto ultra liberal e conservador em todo globo, tendo no centro do poder imperialista um representante legítimo da extrema direita que visa impor uma derrota histórica para a classe trabalhadora e todas as organizações de esquerda.


No Oriente, a face mais cruel da extrema direita tem implementado o genocídio do povo palestino comandado por Israel com o apoio direto dos EUA, a cumplicidade da União Européia e de governantes das grandes potências é o retrato dessa catástrofe que já exterminou cerca de 70 mil palestinos/as, de acordo com dados oficiais, sem considerar os desaparecidos sob escombros.


Do outro lado do globo, a China e Rússia protagonizam o que pode ser uma nova ordem mundial, com a crescente des-dolarização de suas economias, em um movimento que pode levar o BRICS à prescindir do Dólar como reserva internacional, a China já converteu mais da metade de suas reservas em ouro, o que significaria parte do poder econômico Norte Estadunidense seria fortemente reduzido. Neste sentido, o tarifaço de Trump foi um duplo “tiro no pé”, pois além de produzir uma crise interna de desabastecimento acelerou o processo de desdolarização das economias BRICS, bem como possibilitou aos movimentos progressistas que se reaproximassem do discurso de fortalecimento da soberania brasileira.  Outro aspecto importante da conjuntura mundial é o distanciamento de importantes países africanos da esfera de influência ocidental e a aproximação deste com a China e a Rússia é uma mudança que contribui profundamente para o desequilíbrio da dominação ocidental.


No Brasil, apesar da vitória política e eleitoral do presidente Lula em 2022, que cumpriu um papel importante para o fortalecimento da democracia, a extrema direita segue com forte influência social e política. Portanto, enfrentá-los ainda é nosso maior desafio. A luta pela derrota da extrema direita deve seguir sendo o centro da tática dos socialistas, orientando todas as políticas e ações das organizações de esquerda no Brasil. O governo Lula 3 apostou nos primeiros 2 anos na conciliação com o congresso conservador e reacionário e comandado por um centrão que enxerga tão somente os seus interesses particulares e espúrios, mas além de parcas vitórias viveu uma vertiginosa queda de popularidade, o que levou à disposição do centrão em abandonar o “barco”.


Em meio a isso tudo, no Brasil, assistimos, pela primeira vez, à condenação de líderes golpistas e militares de alta patente que atentaram contra a nossa frágil democracia. Ter Bolsonaro e seus asseclas no banco dos réus e sendo julgados pela tentativa de golpe em 08 de janeiro de 2023 foi um passo importante para passar a limpo parte da nossa história, mas é sabido que o bolsonarismo segue vivo e a luta contra a extrema-direita continua sendo uma tarefa urgente da esquerda no Brasil. O Bolsonarismo, porta-voz da extrema direita, tenta de todas as maneiras instrumentalizar o Congresso Nacional com o objetivo de aprovar o projeto que visa anistiar Bolsonaro e os envolvidos diretamente na tentativa de golpe.


O governo Lula, tardiamente, iniciou um importante movimento que passou a ouvir os setores mais combativos dos movimentos sociais,  para sair “das cordas”, o governo entendeu que só é possível mudar o cenário de queda de popularidade, acenando com direitos ao povo trabalhador e iniciar uma disputa sobre quem paga pela crise no Brasil. Diante disso, iniciou uma justa e necessária luta pela isenção do imposto de renda de quem ganha até R$ 5 mil reais por mês, pelo fim da escala 6x1 e pela justiça tributária. A mudança de postura da política do governo, ainda é insuficiente pois não aposta na mobilização popular.


A extrema direita, no Brasil, tenta se reorganizar para 2026, que mesmo fora do Planalto segue tendo muita força eleitoral e política,  portanto seguirá sendo o adversário principal, na conjuntura. A condenação e prisão dos golpistas é etapa fundamental para ferir, possivelmente de morte, as forças reacionárias, por tanto a tentativa de viabilizar uma anistia deve ser enfrentada com todo o arsenal político e jurídico a que os setores democráticos têm acesso. 


A política entreguista dos líderes do bolsonarismo, que se aliaram a Trump para defender o tarifaço que prejudica a vida do povo brasileiro, fizeram Lula recuperar popularidade e abrir mais espaço para as ideias progressistas na sociedade.  Abriu-se na conjuntura uma importante disputa sobre soberania, que nos permite apresentar caminhos de uma Soberania Popular, como direito de um povo em trilhar o seu próprio caminho. Para tanto, precisamos de um partido, também nas próximas eleições, capaz de apresentar um projeto que esteja conectado com os interesses da classe trabalhadora, com a defesa de direitos, o combate ao autoritarismo e o fortalecimento do nosso povo, em diversidade.  


Neste cenário a reeleição de Lula deve ter um novo processo de coesão mantendo ao seu lado, nas eleições de 2026, os setores do centro e até parte do mercado numa guerra santa para afastar qualquer risco à democracia brasileira e buscar atender seus interesses, mesmo com a contradição de defesa pela manutenção da elevada taxa de juros que representa a desconfiança dos segmentos políticos e econômicos que se opõem ao projeto político de inclusão em massa da população, principalmente a população afro-brasileira, que votou majoritariamente em Lula


A Bahia foi e continua sendo uma importante barreira de contenção contra as ideias fascistas, que ecoam no Brasil nos últimos anos, protagonizadas pela extrema direita. “Aqui é Bahia, e na Bahia fascista não se cria!” Foram as palavras de ordem que ganharam as ruas em todos os atos de protesto contra os desmandos e absurdos desferidos pelo governo Bolsonaro. Mobilizações que alicerçaram a vitória esmagadora de Lula em nosso estado, em 2022, tendo Salvador como a capital mais “Lulista” do Brasil. Ainda assim os, sucessivos, governos liderados pelo petismo mostram-se insuficientes para superar as desigualdades históricas que marcam a vida no Estado.


É fundamental manter viva a compreensão crítica e a consciência do povo baiano para derrotar a extrema direita a nível nacional, sendo este o maior desafio da política baiana, em 2026. E essa tarefa precisa ser acompanhada por um balanço honesto, crítico e necessário sobre os 20 anos de governos estaduais liderado pelo PT, embora seja uma escudo para o retorno de um projeto das velhas oligarquias e aprofundamento da miséria, implementa políticas nocivas para avanços sociais, econômicos e de garantia da vida do nosso povo. A aliança com parte da direita, estabelece limites para a coalizão que fica, evidenciado, principalmente, nas políticas de segurança pública, educação, meio ambiente e serviços públicos que estão cada dia mais distantes de um projeto popular, que coloque a garantia da vida no centro das prioridades.


O genocídio do povo negro segue em curso na Bahia, materializando-se em um conjunto de políicas públicas, ou na falta, que aceleram a mortandade. A juventude negra, que hoje é assassinada nas periferias, nasceram e foram “educados” pelos governos de coalizão liderados pelo petismo, e por tanto devem ser contados no balanço deste período. A política de segurança pública, segue, focada na letalidade, materializada principalmente na ação da Polícia Militar. São 9 anos seguidos liderando o triste anuário de segurança pública como a PM que mais mata no Brasil, em números absolutos, mesmo sendo apenas o 4º estado em população. Há um projeto em curso que precisa ser interrompido e superado, com urgência! O povo baiano quer viver e com segurança!


A Bahia ocupou os piores índices de educação (IDEB) no Brasil, onde a falta de valorização dos docentes da educação básica e o descaso com as Universidades Estaduais Baianas nas últimas décadas, tornam ineficazes as pequenas sinalizações progressistas na pasta da educação promovida pelo atual governo Jerônimo. Junto a isso, o sucateamento do serviço público, com precarização do trabalho, ausência de concurso e financiamento da parceria privada, indicam as escolhas privatistas dos últimos 20 anos. 


O meio ambiente é rifado em favor do agronegócio e das grandes empresas com aval do governo, ampliando os ataques à natureza e aos povos tradicionais. Indígenas, quilombolas e ribeirinhos são vítimas imediatas de um modelo que entrega terra, água e licenças ambientais absurdas ao lucro privado, mesmo em plena emergência climática. A ofensiva sobre a Serra da Chapadinha, fundamental para o abastecimento hídrico de dezenas de municípios, mostra como o lucro do capital se sobrepõe ao direito à água e à vida. Esse mesmo padrão se aprofunda na mineração: denunciamos que a mudança na CBPM transforma a empresa pública em operadora direta da exploração, autorizando subsidiárias, parcerias com multinacionais e a financeirização das riquezas minerais. É a socialização dos riscos com recursos públicos e a privatização dos lucros, intensificando a devastação de territórios, águas e modos de vida. Não aceitaremos que comunidades quilombolas, indígenas e fundos de pasto sejam sacrificadas em nome do capital: é preciso organizar a resistência e afirmar que a vida e a soberania valem mais que o lucro


Na Região Metropolitana de Salvador, o Governo do Estado da Bahia, vem implementando obras  como a ponte Salvador-Itaparica e o BRT (Bus Rapid Transit) que liga o subúrbio às estações do Metrô, cujos projetos estão causando tanto impactos ambientais e sociais, sobretudo em relação às comunidades periféricas, sem que tenham sido ouvidos, de forma eficaz, os movimentos sociais e os principais impactados, a exemplo de povos indígenas, quilombolas, ciganos e comunidades de terreiros. Por estes motivos, repudiamos a forma com que têm sido realizadas as mencionadas obras estruturantes, sem os devidos cuidados com o meio ambiente e com as populações historicamente vulnerabilizadas.


Diante desse cenário, é preciso Construir e apontar um projeto alternativo, popular e à esquerda, que rompa com a lógica dos pactos com a velha política oligárquica. Uma vez que o governo está cada vez mais próximo dos setores da direita na Bahia, além da constante ameaça de organização da extrema direita no estado, é necessário e imprescindível uma alternativa eleitoral fortalecida e combativa para a sociedade baiana. 


O PSOLBA deve apresentar uma chapa que represente a esquerda radical, construída por meio do debate militante e das instâncias partidárias, onde seja possível desenhar uma tática eleitoral e um programa que seja o ponto de partida para a construção de perfil e escolha das nossas candidaturas. Por tanto, ao PSOLBA, cabe forjar aliança permanente com os movimentos sociais, os ativistas e a intelectualidade orgânica da Bahia. Para esta tarefa, o partido apresenta a pré-candidatura de Ronaldo Mansur ao governo e de Meire Lúcia Alves dos Reis à vice, acompanhados de Delliana Ricelli Ribeiro da Silva, Nilo Rosa dos Santos e Jeovane Marúsia Fernandes, para a pré-candidatura do senado. 


Com essas chapas buscamos abrir o diálogo amplo com os setores sociais, para uma candidatura democrática e popular que consideramos fundamental para um futuro de direitos, onde o povo baiano possa viver com dignidade plena. Buscamos uma uma candidatura inserida no movimento social e centralizada no combate ao racismo. Esta possibilidade decorre, principalmente, da profunda divisão no bloco que hegemonizou o Estado por quase vinte anos.


Executiva Estadual do Partido Socialismo e Liberdade na Bahia


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